Série “Evolução das Métricas de Gestão da Carteira Banking: Descrevendo as Principais Métricas”, por Aníbal Codina

Neste texto, avançaremos na compreensão das métricas fundamentais empregadas na gestão e controle das exposições a riscos da Carteira Banking. Inicialmente, elucidaremos as distinções entre as operações da Carteira Banking e da Carteira Trading, destacando a transferência de riscos e recursos entre essas Carteiras, e sua relação com a utilização do Capital, juntamente com algumas métricas-chave.

 

Carteiras Banking e Trading: Uma Delimitação Necessária

Para compreendermos adequadamente as métricas utilizadas na gestão da Carteira Banking, é crucial diferenciá-la da Carteira Trading. Enquanto a Carteira Trading concentra-se em operações especulativas de curto prazo, visando lucros rápidos por meio da abertura e encerramento de posições, a Carteira Banking está voltada predominantemente para operações bancárias de captação e aplicação de recursos. Importante ressaltar que as exposições a risco originadas na Carteira Banking podem ser transferidas para a Carteira Trading, onde são mitigadas por meio de instrumentos financeiros específicos.

 

Transferência de Riscos e Recursos: O Papel dos FTPs/IRTs

Um aspecto crucial na gestão de riscos das Carteiras Banking e Trading é a utilização das Transferências Internas de Fundos (FTPs) e das Transferências Internas de Riscos (IRTs). Enquanto os FTPs envolvem a transferência de recursos entre unidades organizacionais, os IRTs transferem exposições a riscos entre as Carteiras e entre as unidades organizacionais. Esses mecanismos são essenciais para gerenciar efetivamente os riscos e avaliar o desempenho das unidades em relação ao capital alocado.

 

Descrição das Métricas:

 

GAP: Indica o descompasso entre prazos e volumes de exposições ativas e passivas de um determinado indexador. Utilizado na definição de limites máximos de exposições líquidas ativas e passivas por prazo indexador, sendo típico na Carteira Banking.

Duration: Representa o prazo médio ponderado por exposição marcada a mercado de uma carteira/operação. Utilizado na definição de limites máximos de prazo médio por carteira, sendo típico na Carteira Banking.

Stress: Refere-se ao resultado causado pela simulação de um cenário predefinido de movimentos de mercado adversos. Utilizado na definição de limites máximos de perda para limitar exposições, comum na Carteira Banking.

PV01: Valor Presente do Resultado Marcado a Mercado, calculado sob um cenário de stress de subida de 01 ponto base na taxa de juros do indexador, vértice a vértice. Utilizado na definição de limites máximos de perda por vértice, comum na Carteira Trading e na conversão de exposições em contratos futuros na Carteira Banking.

Delta EVE: Indica a perda de Valor Econômico ou Valor Presente sob um cenário padronizado de stress na taxa de juros do indexador. Utilizado na gestão de exposições máximas na Carteira Banking, com reporte padronizado obrigatório (exceto para S4).

Delta NII mtm: Reflete a perda de Resultado de Intermediação Financeira ou Resultado de Juros sob um cenário padronizado de stress na taxa de juros do indexador, com duração de 12 meses. Utilizado na gestão de exposições máximas na Carteira Banking, com reporte padronizado obrigatório.

Delta NII accr: Indica a perda de Resultado de Intermediação Financeira ou Resultado de Juros sob um cenário padronizado de stress na taxa de juros do indexador, com duração de 12 meses. Utilizado na gestão de exposições máximas na Carteira Banking, com reporte padronizado obrigatório.

EGL: Perdas ou Ganhos Embutidos, representando a mudança no valor justo de mercado das operações da Carteira Banking, quando precificadas com as condições atuais de juros de mercado dos prazos remanescentes mais um certo spread, assumindo por exemplo a manutenção das margens comerciais/spread iniciais inalteradas. Vale destacar que a taxa de juros de uma operação comercial pode ser dividida entre uma parcela de juros de mercado, sujeita ao IRRBB e uma parcela sujeita ao CSR ou risco de spread de crédito. A parcela relacionada ao CSR também causa ganhos ou perdas embutidos nas carteiras e deve ser gerenciada pelas instituições financeiras do S1, S2 e S3. Utilizado na definição da suficiência de capital na Carteira Banking, com reporte padronizado obrigatório da EGL total.

RWA IRRBB/PR: Ativos Ponderados pelo Risco da Carteira Banking expostos ao IRRBB em relação ao Patrimônio de Referência (Capital Regulatório). Representa o tamanho da exposição ao IRRBB em relação ao capital da instituição financeira, relativo exclusivamente à Carteira Banking.

RAROC: Retorno em relação ao Capital Ajustado pelo Risco. Mede o desempenho na geração de resultado financeiro em relação ao capital regulatório requerido, sendo amplamente utilizado a partir de Basileia 1 (1988) e incorporando o capital mínimo requerido para cobertura do IRRBB desde 2018.

 

Este texto introdutório nos proporcionou uma visão geral das métricas utilizadas na gestão da Carteira Banking, destacando sua importância e seu papel na mitigação de riscos e na alocação eficiente de capital. Nos próximos artigos, cada métrica será minuciosamente examinada, proporcionando uma compreensão aprofundada de sua aplicação e relevância na gestão de riscos bancários. Continue acompanhando nossa série para aprofundar seus conhecimentos nesse campo essencial da gestão financeira.

 

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