Entendendo os Desafios do IRRBB e FRTB no Setor Bancário, por Aníbal Codina

A implementação do arcabouço do IRRBB (Interest Rate Risk in the Banking Book ou Risco de Taxas de Juros na Carteira Bancária) tem evidenciado a questão da diferenciação entre risco geral e risco específico no setor bancário. É crucial entender essas distinções para uma gestão eficaz dos riscos financeiros.

 

Risco Geral e Risco Específico no IRRBB

 

No âmbito do IRRBB, o risco geral diz respeito à volatilidade das taxas de juros dos instrumentos derivativos associados às taxas de depósitos interfinanceiros ou às taxas de operações compromissadas lastreadas em títulos públicos federais. Essas oscilações têm o potencial de impactar diretamente a lucratividade das instituições financeiras, especialmente em cenários de flutuações acentuadas nas taxas de juros.

 

Por outro lado, o risco específico está relacionado ao risco de deterioração da qualidade creditícia de um determinado emissor, ou até mesmo de um setor econômico. Esse tipo de risco é mais idiossincrático e pode afetar os ativos detidos pelos bancos, incluindo títulos de dívida e outros instrumentos financeiros.

 

O Conceito de CSR (Credit Spread Risk) no IRRBB

 

Uma forma comum de risco específico é o Credit Spread Risk (CSR) ou Risco de Spread de Crédito. Ele ocorre quando uma empresa emite um título de dívida a uma taxa de juros fixa superior às taxas de mercado comparáveis no momento da emissão. Por exemplo, suponhamos que a empresa Y emitiu uma debênture prefixada a uma taxa de 20% ao ano, enquanto as taxas de juros equivalentes a 100% do CDI estavam em 14% ao ano. A diferença entre essas taxas, nesse caso, representa um componente relacionado às características específicas da empresa Y.

 

Dessa forma, após a emissão, o valor justo dessa debênture oscilará tanto quando as taxas de juros prefixadas equivalentes a 100% do CDI oscilarem, como quando houver variações na percepção da qualidade creditícia da empresa Y. O CSR, portanto, torna-se uma preocupação relevante para os bancos que possuem esses ativos em suas carteiras.

 

FRTB e a Distinção entre Risco Geral e Risco Específico

 

O arcabouço do FRTB (Fundamental Review of the Trading Book ou Revisão Fundamental da Carteira de Negociação) também coloca em destaque a diferenciação entre risco geral e risco específico. O FRTB é um conjunto de regras que visa melhorar a forma como os riscos de mercado são calculados e gerenciados pelos bancos.

No contexto do FRTB, a atenção se volta para vários componentes de cálculo relacionados ao Risco de Crédito. Dentre esses componentes, nove estão ligados ao CSR, enquanto outros três referem-se ao DRC (Default Risk Capital Requirement ou Requerimento de Capital para Risco de Inadimplência Imediata).

Em resumo, as instituições financeiras devem se preparar adequadamente para a implementação da Resolução BCB n° 313 e das demais fases do FRTB, a fim de garantir a conformidade com os requisitos regulatórios, e aprimorar a gestão de risco de mercado em suas atividades operacionais. É de extrema importância que essas instituições conduzam uma avaliação detalhada dos impactos das alterações regulatórias em seus processos internos, e implementem as devidas mudanças em seus sistemas e procedimentos antes do prazo estabelecido pela regulamentação.

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