G-Risc 2023: Reflexões sobre a Gestão de Riscos no Setor Financeiro, por Maurício Ozahata.

Nos dias 13 e 14 de novembro, a equipe de Risco de Mercado da MAPS teve a honra de participar do 13º Congresso Internacional de Gestão de Riscos (G-Risc). O evento, que se consolidou como uma referência global, abordou temas cruciais para a gestão de riscos, destacando a importância das mudanças regulatórias na manutenção e evolução da robustez do sistema financeiro brasileiro.

 

Atualmente, o Índice de Basiléia médio no Brasil está em aproximadamente 16%, com níveis também confortáveis de liquidez e capital. Os testes de stress realizados demonstram a solidez do nosso mercado, resultante do comprometimento com a agenda regulatória e do significativo investimento em tecnologia e inovação. Esses esforços, aliados à otimização no controle dos riscos e na alocação de capital, contribuem para a melhoria da percepção do risco país e a redução de custos para todas as instituições financeiras, gerando maior valor para a sociedade.

 

Durante o congresso, nosso Coordenador da área de Risco de Mercado, Maurício Ozahata, destacou alguns tópicos cruciais que foram discutidos nos dois dias do evento:

 

Agenda Regulatória:

 

  • Novembro-Dezembro/2023: Está prevista a divulgação da norma do Risco Operacional.

  • Dezembro/2023: Envio de informações sobre riscos sociais, ambientais e climáticos (DRSAC) para instituições do segmento S3.

  • Junho/2024: Envio de informações sobre riscos sociais, ambientais e climáticos (DRSAC) para instituições do segmento S4.

  • 1º Semestre/2024: Previsão para a divulgação da consulta pública do FRTB – Fase 3.

  • Julho/2024: Implementação do FRTB – Fase 2, com cálculo das exposições ao risco de crédito dos instrumentos financeiros classificados na carteira de negociação (DRC).

  • Janeiro/2025: Execução do IFRS9, mantendo a estrutura atual do elenco de contas do COSIF e alterando os subgrupos contábeis.

  • 2025: Implementação do FRTB – Fase 3.

  • Janeiro/2027: Reformulação completa do elenco de contas do COSIF.

 

IFRS9:

 

  • Classificação e mensuração de instrumentos financeiros,incluindo somente cálculos de pagamento de principal e juros (SPPJ) e metodologia para apuração da taxa de juros efetiva.

  • Cálculo de Perdas esperadas, substituindo as Perdas incorridas, gerando um provisionamento desde o início da operação.

  • Contabilidade de Hedge Accounting.

 

Liquidez:

 

  • O instrumento Compulsório foi, e continua sendo, utilizado como ferramenta de Liquidez em períodos contracíclicos.

  • O valor do Compulsório no Brasil diminuiu nos últimos anos, porém o mesmo continua alto em comparação com outras jurisdições.

  • Lançamento de Linha Temporária Especial de Liquidez (LTEL) que permite que Debêntures e NCs sejam utilizados para gerar liquidez. Há o estudo para a inclusão de CCBs nessa linha.

  • Foi destacado que quanto maior a capacidade na geração de liquidez, menor será a demanda precaucional para as instituições.

 

IRRBB:

 

  • O Regulador está realizando um estudo junto às instituições sobre os controles e reports do Risco de Taxa de Juros da Carteira Banking. Nessa supervisão, foi verificado que há espaço para evolução nos controles.

  • Os cálculos de instrumentos indexados à inflação, percentual do CDI, perdas e ganhos embutidos, opcionalidades comportamentais, são temas de discussão e os mesmos devem evoluir para um cálculo mais uniforme no mercado.

  • O tratamento de pilar 2 para esse regulatório permite uma alocação de capital conforme modelos internos, mas é importante que alguns limites sejam seguidos. Caso os mesmos estejam fora, poderá ser solicitado um add on de capital.

  • É recomendado que seja feito, gerencialmente, o Repricing Gap, com cenários de stress que consideram a rotação da curva, e a aplicação de choques no pior cenário para as instituições, que geralmente captam a curto prazo e emprestam a longo prazo.

  • As perdas embutidas são baseadas em informações que já ocorreram, mas podem ser um alerta para as instituições diminuir o seu Delta EVE.

  • O IRRBB está evoluindo também nas checagens e cruzamentos com outros documentos, como DRM e DLO.

 

FRTB:

 

  • Fase 1: Já em vigor, essa fase compreende os critérios para a classificação de instrumentos na carteira de negociação ou na carteira bancária, os requisitos de governança das mesas de operações, e o reconhecimento de transferências internas de risco.

  • Fase 2: Entrará em vigor em julho de 2024, essa fase compreende o cálculo do DRC e a respectiva mudança da parcela CPAD para considerar somente os instrumentos Banking.

  • Fase 3: Prevista para entrar em vigor em 2025, essa fase muda, consideravelmente, a forma de alocação de capital dos instrumentos Trading. O intuito é que haja maior granularidade e impacto pela diversificação, isto é, posições direcionais devem requisitar mais capital, e posições diversificadas devem requisitar menos capital. O cálculo compreenderá testes de estresse que capturam uma mensuração mais eficiente do risco e consequente alocação de capital.

 

RSAC:

 

  • Já citada desde a Resolução CMN nº 4557, sobre Gestão Integrada de Riscos, as políticas para Responsabilidade Social, Ambiental, Climática (PRSAC) são cada vez mais urgentes, em questões globais e também no sistema financeiro.

  • Em conjunto com a PRSAC, as instituições precisarão avaliar os riscos e reportar o Documento de Risco Social, Ambiental e Climático (DRSAC).

  • Não está previsto um RWASAC, já que nas próprias precificações são consideradas os riscos inerentes, mas reforça-se a importância da avaliação e controle das operações de crédito, investimentos, demais negócios e atividades internas das instituições, visando um futuro melhor para toda a sociedade.

 

Em resumo, a participação da MAPS no G-Risc 2023 reforça nosso compromisso com a excelência na gestão de riscos e a adaptação contínua às mudanças regulatórias, visando sempre a solidez e resiliência do nosso sistema financeiro. 

 

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